sexta-feira, maio 19, 2006

Leia.Ou não


Pode vir. Desapegue-se do conhecido. Conheça outras pessoas. Deixe de moleza. Buá! Buá! Pronto, nasceu.
Do momento em que nascemos começamos a ouvir ordens e conselhos. “Durma mais um pouquinho, neném”. “Está na hora de mamar”. Antes que a criança indefesa esboce resposta, uma mamadeira já foi perfeitamente encaixada na sua boca, como um desentupidor na pia. O poder de indecisão fica claro também, quando subitamente a mamadeira é arrancada de um bebê sedento que escuta a tal frase: Está bom, né? Espernear, apesar de uma tentativa válida, não trará o leitinho de volta.
O tempo passa, a idade aumenta e os conselhos alcançam à escala do infinito. A capacidade de raciocínio evolui e a percepção de que todos querem realizar suas próprias vontades é cada vez mais notável. Como solução, os mais velhos - aqueles que têm mais experiência e por isso devem ser mais respeitados - encontraram uma solução: revestir as ordens como conselhos. Os principais conselhos são em relação ao comportamento social. Quando se é criança, os conselhos são: "seja educado com os outros, diga obrigado, por favor e com licença", “não cuspa” - se bem que esse vale até para homens de barba -. Ao crescer, os conselhos vão alem do território moral para o mais importante de todos, o financeiro: “Se beber não dirija, se dirigir não bata, que estamos sem seguro”.
Há atualmente uma indústria que tenta controlar o modo de vida das pessoas: os livros de auto-ajuda. Para os que defendem tais livros, concordo que realmente algumas pessoas precisam ser ditas como se portar no mundo. A falta de sentido pessoal é marcante na Modernidade, que traz tantas possibilidades de como ser. E já que vivemos na concretização plena do capitalismo, por que não lucrar com tal indecisão?
O exagero dos conselhos chegou a tal ponto que existe indicações como “Jogue o lixo aqui”, ou “Abra aqui”. Meu Deus! Não se pode escolher mais nem como abrir o pacote de biscoito. Chega!!!
Por fim, entendo a lógica das placas de trânsito, que indicam por onde seguir. Mas faço um apelo que o resto da sociedade - indivíduos, livros, e pacotes de biscoito - sinalize apenas isto: precipício.
PS.: como vascaína, sinto que preciso defender meu time neste blog. O time adversário teve chances de mudar sua atual situação em dois jogos, quatro tempos, 180 minutos, 10800 segundos, pênaltis, erros do juíz, ...enfim, como estamos num blog de família, nada de ofensas.

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

bia, faz tempo q eu não lia algo seu. Gostei mt. Continua escrevendo, q eu vou ler. Mas ve se esquece o Vasco , e torce pro Mengo.
saudades

4:33 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ser vascaína td bem...mas pq vc veio defender seu time se ngm atacou-o.Isso é uma piada interna, fiquei boiando!

6:13 PM  
Anonymous Anônimo said...

Caraca, uau. Dona bia demora pra escrever, mas quando vem, vem muito bem. Muito bem escrito esse texto, depois ficava lá falando que só conseguiria escrever notinhas.

P.s: Ahh, esses vascaínos que só aparecem quando o time ganha alfuma coisa. Não se esqueça que a felicidade só vai durar até julho...

7:02 PM  
Blogger flu said...

Muito bom mesmo.
O melhor texto do blog,´
Agora não sei se isso pode ou não ser encarado como elogio.
Acredito que sim

8:22 PM  
Anonymous Anônimo said...

COnselhos/ordens para organizar a vida em sociedade, para tornar mais facil a convivencia, para organizar a bagunca, para se moldar um padrao aceitavel e necessario a vida social... caso contrario, o caos estaria montado...

Quanto ao lugar para se abrir o pacote de biscoito, voce pode abrir por onde quiser, mas a indicacao facilitou muito a minha vida!

=o)

8:36 PM  
Anonymous Anônimo said...

Super color scheme, I like it! Good job. Go on.
»

6:37 AM  
Anonymous Anônimo said...

I find some information here.

12:44 AM  

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