domingo, maio 28, 2006

Almoço de domingo



A mãe resolveu caprichar no almoço de domingo. Juntamente com a avó, preparou um verdadeiro banquete: lasanha de frango, “escondidinho” de carne moída e salpicão. Enquanto elas ficavam na cozinha colocando a mão na massa, o restante da família encontrava-se na sala assistindo TV e lendo o jornal, ou pelo menos tentando. O cheiro gostoso que vinha da cozinha dificultava a concentração em qualquer coisa que não fosse comestível. Todos estavam morrendo de fome e já se podia ouvir o ronco das barrigas.
Mas ai o chegou a hora do almoço. O chamado da avó, “Tá na mesa pessoal!”, animou a galera que foi lavar as mãos e depois diretamente para a mesa. A mesa estava com formação completa: pai, mãe. avó, filhos e agregados. Todos se sentaram e foi dada a largada para o banquete.
O filho mais novo começou atacando a lasanha. A filha do meio preferiu o “escondidinho”. O pai e o mais velho começaram com uma taça de vinho. A nora, a mulher do mais velho, acompanhou a sogra e a avó e se serviu do salpicão. Entre um bocado e outro a mãe e a avó eram bombardeadas com inúmeros elogios. Todos se esbaldaram e o almoço foi um sucesso total.
Após o último pedaço de lasanha e a última taça de vinho, todos na mesa pareciam exaustos e satisfeitíssimos. Ai a mãe resolveu anunciar a grande surpresa. Ela havia feito um delicioso sorvete caseiro de baunilha. Sorvete! Todos ficaram eufóricos. Quem antes estava satisfeito e não agüentava mais comer rapidamente arrumou um espaço para a sobremesa.
Depois de anunciar a surpresa, a mãe esboçou levantar para ir buscar o pote de sorvete. A avó disse para ela não se preocupar e que ela se encarregava de buscar a sobremesa. A filha não deixou que elas se levantasse e foi logo fazendo discurso:
-Nada disso! Vocês fizeram o almoço. A gente providencia a sobremesa.
O mais velho não gostou nada de ser incluído no “a gente” e sentenciou que a tarefa deveria ser executada pela a irmã faladeira. Ela por sua vez recusou a tarefa e repassou para o irmão caçula. O caçula acuado, sem ter opções, se recusou e o domingo tranqüilo em família virou uma grande discussão.
Enquanto os irmãos decidiam quem teria a difícil missão de ir até a cozinha, abri a geladeira e pegar o pote de sorvete, o pai se divertia com aquela confusão toda. A mãe e a avó também se divertiam, mas ao mesmo tempo queriam acabar com aquela história toda. A nora, que até então não havia se manifestado, resolveu dar uma sugestão:
- Vamos decidir no “zerinho ou um”?
-Boa idéia, mas você também vai participar-disse a filha.
A inclusão da mulher no “zerinho ou um’ não agradou o mais velho. Ele então resolveu armar para que a irmã saísse perdedora.
Juntamente com sua mulher eles sempre botavam “zero”, enquanto que seus irmãos insistiam em botar “um”. O caçula percebeu que o empate iria permanecer por muito tempo e resolveu mudar de lado. Eles jogaram de novo e dessa vez só a filha colocou “um”.
Furiosa e se sentindo traída ela se recusou a ir buscar o sorvete. Procurou apoio em sua mãe, se fazendo de injustiçada, mas não teve jeito. Ela tinha aceitado decidir no jogo e a decisão havia sido feita.
Com cara de poucos amigos lá foi ela na geladeira buscar o sorvete. Quando retornou, havia esquecido de pegar os potes e as colheres de sobremesa. Mais revoltada ainda, ela se negou a ir buscar. No entanto acabou cedendo. O olhar de reprovação de seu pai fez com quem ela fosse buscar os potes
Mais revoltada ainda, ela fez pirraça e se recusou a comer o sorvete. Sentada na mesa, a filha ficou de cara feia enquanto todos se deliciavam com o delicioso sorvete caseiro de baunilha. Ela estava louca de vontade, mas não iria dar o braço a torcer. O orgulho estava em jogo.O almoço finalmente terminou e a filha ficou sem sobremesa.
Depois de tirar um bom cohilo depois do almoço, o pai resolveu tomar um pouco mais de sorvete enquanto assistia o jogo de futebol na Globo. Para sua surpresa, quando foi abrir a geladeira, o pote encontrava-se vazio. Enquanto ele voltava para seu quarto frustrado, a filha, escondida no quartinho da empregada, saboreava o sorvete de baunilha.

terça-feira, maio 23, 2006

Quinta eu fui ao Maracanã, fui torcer pro time que sou fã...



Estar no Maracanã lotado, com a torcida de seu time ocupando todo o anel do estádio é uma experiência incrível, quase indescritível. Quando o jogo está valendo uma vaga na final, contra o seu maior rival (e eterno vice), essa experiência triplica. A tensão já começa dias antes, toda aquela expectativa, as horas na fila para comprar o ingresso e as discussões com os amigos, tudo muito bom. Mas além disso tudo, existem os percalços pelo caminho, tudo válido, tudo para ver meu time ser campeão.

Ir para o Maraca lotado de mochila nas costas não é um bom negócio. Como já é de praxe, pedimos a nossa prezadíssima amiga e bastante competente escritora bia, que mora ao lado da PUC (praticamente nos pilotis) , para deixar nossas coisas lá. Fomos nós então, eu, modgliani e bolotinhaa, três flamenguistas muito felizes, acompanhados de bia para seu apartamento. Aquela correria, apreensão, todos pegando ingresso, dinheiro, chaves de casa. Peguei meu cartão de crédito também, e fui criticado, foram vários os "tá louco, pra que levar cartão pro Maraca?". Não liguei para as críticas, sempre ando com meu cartão. Despedimos-nos de bia e fomos.

Ônibus lotado, trânsito quase parando, mas nada nos desanimava. No meio de um animado papo com Modgliani, de repente, me veio à cabeça: "Ihh, fudeu, esqueci minha chave lá na bia". Modgliani, que pernoitaria em minha casa, ficou preocupado, assim como eu. E agora? Dormir na rua? Partir pra longínqua Vila da Penha, lar de bolotinhaa? Depois de muitas tentativas frustadas e muito reais gastos com crédito de celular, consegui contactar meus companheiros de casa, alívio, eles dormiriam em casa, sem problemas, era só chegar e tocar a campainha. Problema (pelo menos esse) resolvido, entramos no "maior do mundo".


E que visão, entramos cedo, o estádio ainda não estava lotado, mas mesmo assim já estava bonito e a torcida já cantava. Os minutos foram passando, a torcida aumentando e a beleza só aumentava. Quem nunca foi ao Maracanã lotado, que vá, mesmo não gostando de futebol, porque a experiência é, como já disse, incrível. Apito inicial e logo no começo, frustação, gol do Ipatinga. A torcida se revolta (tomar gol do Ipatinga? Dentro de casa?) e as brigas começam. Os espectadores normais, como nós, começam a ficar nervosos. De repente, três tiros, mas foram tiros mesmo? Não seriam bombinhas?; perguntam incrédulos alguns torcedores. E realmente foram tiros, e bem próximo de onde estávamos. Depois dos tiros, mais brigas, se não fosse o gol de empate do Flamengo, providencial, não sei se estaria aqui contando essa estória. Com o gol, cessaram as brigas, a felicidade mais uma vez, imperava. Como estava no estádio, obviamente, não ouvi o pseudo-galã e pseudo-jogador de futebol, Júnior, proferir as tão sábias palavras motivacionais (relatadas por Flu no texto abaixo), que , com certeza, levaram o Flamengo à virada. 2x1, felicidade total, nada de brigas mais. Claro que de vez em quando o medo voltava, mas não medo por possíveis novas brigas, mas sim quando Júnior, Fernando e Juan tocavam na bola.

Fim de jogo, Modgliani e eu (grandes cavalheiros que somos), nos asseguramos que Bolotinhaa estava sã e salva para voltar pra casa e partimos pra Copacabana. Festa flamenguista no metro, um matador podrão e já estavámos prontos pra cama. Chegamos, relatamos os felizes acontecimentos pra meus companheiros de apartamento e nos pusemos a dormir. Enquanto dormia, Modgliani diz ter sonhado, ouvido, uma porta ser trancada. Não se preocupou e voltou a dormir. Lá pelas tantas acordo e ocorre o seguinte diálogo:

"Lek, essa porta aí abre por dentro?"
"Não, nem por dentro, nem por fora, porque?"
"É porque acho que os caras trancaram a gente aqui dentro"
"Porra, que isso, impossível, eles não são loucos de trancar a gente aqui dentro!"

Fui até a porta:

"C*****, pu** que pariu, ca*****, os caras trancaram a gente, que merda!"

O que fazer agora? Reviramos o (gigante) apartamento atrás de uma chave perdida e nada. A preocupação aumentava, os caras só voltariam à noite, se voltassem. Depois de novos problemas com celulares, conseguimos falar com eles e descobrimos que eles estavam bem perto, em Teresópolis, impossível nos trazer a chave. Vamos ligar para o porteiro pra ver se ele consegue nos ajudar, o interfone não funcionava. A preocupação passou a ser desespero, Modgliani já queria gritar por ajuda na janela ou esmurrar a porta e ver se alguém nos ouvia. Dei uma olhada na janela e vi que, fazendo um "Missão Impossível IV", poderíamos tentar escalar o prédio, plano esse prontamente cancelado. Próxima idéia foi ligar pra santa bia trazer a chave e nos salvar. Nada feito, bia estava na faculdade fazendo um trabalho em grupo. Sem solução aparente fui até a geladeira e, para minha surpresa, vi um imã de geladeira com os dizeres "chaveiro", ufa, finalmente salvos. Depois da santa bia e do santo imã de geladeira, veio o santo e criticado cartão de crédito. O chaveiro extorquiu 30 reais pra abrir a porta (o verbo é esse mesmo, porque 30 conto pra abrir uma porta...) e eu só tinha 19, com os dois de meu colega chegaríamos a 21. Fui correndo até o banco enquanto Modgliani (com todo seu talento de futuro publicitário) enrolava o chaveiro. Dinheiro sacado a alegria foi total e o ânimo revigorado, mesmo morrendo em 30 reais.

Vá ao Maracanã, veja seu time jogar, fique deslumbrado com 45 mil torcedores cantando (sendo que é difícil um time que não o Flamengo lotar sozinho o estádio), mas não esqueça de levar seu cartão de crédito e, principalmente, suas chaves.

domingo, maio 21, 2006

Incentivo que ganha jogo

Já é tradição nos esportes coletivos. Antes de qualquer jogo decisivo os jogadores costumam fazer aquela corrente positiva antes de entrarem em campo para passarem boas vibrações. No futebol, isso já virou cena corriqueira.

Na última quinta-feira, estava eu acomodado na minha poltrona assistindo ao Sportv quando iniciou a transmissão do jogo Flamengo X Ipatinga-MG, válido pela semifinal da Copa do Brasil. Na categoria de amante do futebol, fiquei vendo as entrevistas do pré-jogo, a análise e os prognósticos dos comentaristas do canal campeão. Enquanto a bola não rolava os caras do Sportv ficavam enrolando, entrevistando, comentando e mostrando a torcida do Flamengo fazendo a maior festa.
Mas ai veio o Ipatinga. Os jogadores estavam prontos para entrar e a câmera flagrou o time no túnel que dá acesso ao gramado fazendo uma corrente positiva. Os jogadores rezavam e falavam palavras de incentivo. Embalados e motivados pela fé eles entraram em campo e foram recebidos por vaias pela torcida rubro-negra.
Depois do time mineiro era a ver do time rubro-negro se preparar para entrar em campo. Mais uma vez a câmera foi espiar a entrada do time. Ela chegou no exato momento em que os jogadores rubro-negros estavam começando a formar a corrente. Fiquei curioso para saber qual seria a motivação do time Do Flamengo. Os mineiros iam na base da fé, o time carioca?
Corrente formada, o capitão do time, o zagueiro Fernando, pediu a palavra e iniciou um discurso motivador: “A gente estamos fazendo o que gostamos, o que sabemos fazer de melhor. Vamos entrar com garra”. Diego Souza complementou: ”Vamos jogar com Raça. Vamos ganhar!”
Outros jogadores pediram a palavra e reiteraram o discurso do capitão. Eles já estavam se encaminhando para o gramado quando o meio-campo júnior resolveu falar o último incentivo: ”Galera, vamos ganhar esse jogo. Não podemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje”. Depois das belas palavras do camisa 8 do Flamengo o time entrou em campo rumo a classificação para a final.
Depois da frase do Júnior eu me virei para meu pai e disse: “Depois dessa frase do Júnior o Flamengo vai pra final”, Mas era óbvio que o Flamengo ia se classificar. Os jogadores iriam vencer o jogo hoje (quinta), porque se deixassem para vencer amanhã (sexta) não ia haver jogo nenhum, pois o jogo já teria acontecido.
Futebol ás vezes não se ganha na técnica ou na raça. Em alguns casos uma simples frase motivacional leva um time à vitória.

Crítica à música do Armandinho - Desenho de Deus

Essa música que vem fazendo muito sucesso nas rádios de todo o Brasil, tem sérias mensagens que para qualquer leigo se torna imperceptível. Eu, prestando um pouco mais de atenção na letra, percebi o quanto polêmica é esta música. Começa assim:

"Quando Deus te desenhou. Ele tava namorando."
Armandinho já inicia a música criando uma polêmica maior que o Código da Vinci. Se a história de Jesus com Maria Madalena já é sinistra, imagina Deus namorando...se tocasse em Jerusálem seria um bom motivo de guerras.

"Na beira do mar
Na beira do mar do amor"
Insinua que Deus só não estava namorando, mas sim fazendo coisinhas. E o "mar do amor" seria um lugar onde Deus levava sempre suas paqueras.

"Papai do céu na hora de fazer você
ele deve ter caprixado pra valer"
Pra começar, que rima!! Esta estrofe foi escrita pelo filho dele porque "papai do céu" é uma expressão de uma criança de no maxímo 5 anos. Ainda diz que Deus era egoísta. Porque só caprixar apenas na musa do Armandinho e não em todas as mulheres.

"Botou muita pureza no seu coração
e a sua humildade fez chamar minha atençaõ"
Desde quando a humildade de uma mulher vai chamar a atenção de um homem a ponto de ele querer ficar com ela. Só se ela for uma freira.

"tirou a sua voz do própolis do mel
e o teu sorriso lindo de algum lugar do céu"
Voz tem sabor? Voz tem textura? Se tiver, vou falar com ela porque estou um pouquinho de tosse e ela pode dar uma aliviada.

"e o resto deve ser beleza exterior
mas o que têm por dentro para mim tem mais valor"
Esse Armandinho é muito sonso mesmo. Depois de elogiar sua voz, seu sorriso, ele vem e diz que o que tem por dentro tem mais valor. Tá bom malandrinho!

Agora repete aquele refrão polêmico e a primeira estrofe.

"Da estrela mais bonita o brilho desse olhar
Diamante verdadeiro sua palavra foi buscar"
O brilho vem da estrela ou vem do diamante verdadeiro? O que foi buscar a palavra? Alguém entendeu alguma coisa??

"e o resto deve ser beleza exterior
mas o que têm por dentro para mim tem mais valor"
Se ele, na estrofe anterior, quis dizer que o olhar da moça é tão bonito quanto o brilho de uma estrela, mas uma vez este sonso está atacando. Dá um elogio e diz que o que tem por dentro tem mais valor. Essa é a melhor cantada dele.

Para vocês que gostam de escutar músicas sem prestar atenção nas letras, espero que esta crítica possa mudar seu ponto de vista.

sexta-feira, maio 19, 2006

Leia.Ou não


Pode vir. Desapegue-se do conhecido. Conheça outras pessoas. Deixe de moleza. Buá! Buá! Pronto, nasceu.
Do momento em que nascemos começamos a ouvir ordens e conselhos. “Durma mais um pouquinho, neném”. “Está na hora de mamar”. Antes que a criança indefesa esboce resposta, uma mamadeira já foi perfeitamente encaixada na sua boca, como um desentupidor na pia. O poder de indecisão fica claro também, quando subitamente a mamadeira é arrancada de um bebê sedento que escuta a tal frase: Está bom, né? Espernear, apesar de uma tentativa válida, não trará o leitinho de volta.
O tempo passa, a idade aumenta e os conselhos alcançam à escala do infinito. A capacidade de raciocínio evolui e a percepção de que todos querem realizar suas próprias vontades é cada vez mais notável. Como solução, os mais velhos - aqueles que têm mais experiência e por isso devem ser mais respeitados - encontraram uma solução: revestir as ordens como conselhos. Os principais conselhos são em relação ao comportamento social. Quando se é criança, os conselhos são: "seja educado com os outros, diga obrigado, por favor e com licença", “não cuspa” - se bem que esse vale até para homens de barba -. Ao crescer, os conselhos vão alem do território moral para o mais importante de todos, o financeiro: “Se beber não dirija, se dirigir não bata, que estamos sem seguro”.
Há atualmente uma indústria que tenta controlar o modo de vida das pessoas: os livros de auto-ajuda. Para os que defendem tais livros, concordo que realmente algumas pessoas precisam ser ditas como se portar no mundo. A falta de sentido pessoal é marcante na Modernidade, que traz tantas possibilidades de como ser. E já que vivemos na concretização plena do capitalismo, por que não lucrar com tal indecisão?
O exagero dos conselhos chegou a tal ponto que existe indicações como “Jogue o lixo aqui”, ou “Abra aqui”. Meu Deus! Não se pode escolher mais nem como abrir o pacote de biscoito. Chega!!!
Por fim, entendo a lógica das placas de trânsito, que indicam por onde seguir. Mas faço um apelo que o resto da sociedade - indivíduos, livros, e pacotes de biscoito - sinalize apenas isto: precipício.
PS.: como vascaína, sinto que preciso defender meu time neste blog. O time adversário teve chances de mudar sua atual situação em dois jogos, quatro tempos, 180 minutos, 10800 segundos, pênaltis, erros do juíz, ...enfim, como estamos num blog de família, nada de ofensas.

quinta-feira, maio 18, 2006

Parado no ponto


Um depoimento de um torcedor revoltado, indignado e alcoolizado

Quando o jogo acabou eu fiquei puto. Puto não porque aqui é um blog família. Fiquei irritado. Irritado pelo fato do Fluminense ter perdido para um time ridículo, covarde e horroroso (leia-se vasco). Irritado porque já havia passado de meia-noite e o metrô já se encontrava fechado. E mais irritado ainda porque teria que ir para casa de ônibus. Uma salva de palmas para a Rede Globo que sempre usa o bom senso na hora de escolher o horário para os jogos.

Depois de tanta irritação, comprei uma Coca-Cola para me acalmar e fui embora rumo à procura do ônibus perfeito para me levar até o aconchego de meu lar. A coca(-Cola) ao invés de acalmar me irritou mais ainda. Dois reais! O dinheiro da passagem e o mais agravante: o preço da Skol! A irritação que já era muita ficou pior. Transtornado, resignado e bebendo coca-cola lá fui eu para o ponto de ônibus.

Logo que cheguei no ponto encontrei um rosto conhecido passando de carro. Na verdade ele que me encontrou. Nesses momentos de tristeza é sempre bom contar com o apoio dos amigos, desde que esse seu amigo não seja vascaíno. Fui xingado, zoado e ainda perdi qualquer esperança dele me oferecer uma carona. Após a fanfarronice ele se foi e eu fiquei lá, parado no ponto. Nem precisa dizer que eu fiquei muito mais irritado.

E o tempo foi passando. Meia-noite e todos os minutos. Nada de ônibus, só táxi e vascaínos desgraçados. Ao invés do ônibus chegar ao ponto só apareciam mais passageiros que se juntaram a mim á Espera de um Milagre ou de um ônibus. O que viesse primeiro. E dentre esses inúmeros passageiros que chegavam ao ponto eis que eu encontro conhecidos de outras esperas por ônibus em outros jogos. Eles eram o que eu chamo de “meus amigos do ponto”.

Começamos a conversar e novos “amigos” se juntaram a nós. Xingamos o Tuta, o Rogério e os vascaínos que passavam xingando a gente. Os papos soavam melancólicos e as lembranças não eram nada agradáveis. Os assuntos foram se diversificando e quando chegou na política a coisa complicou. Besteiras e mais besteiras foram ditas. Eu não agüentava mais, estava prestes a ir embora a pé. Até que a salvação chegou.

Não, não foi o ônibus. A salvação era um vendedor ambulante que chegou com seu isopor repleto de latinhas de cerveja.

Vendo aquelas latinhas boiando no gelo, percebi que só com muita cerveja eu ia aturar aquelas sandices e a espera interminável pelo ônibus. Como estava sem dinheiro trocado para a passagem, aproveitei e uni o útil ao agradável e já fui pedindo uma latinha. Antes que meu pedido fosse atendido um “amigo’ propôs que eu comprasse 3 latinhas por 5 e que depois todos iam fazer o mesmo e a gente ia bebendo até o ônibus chegar. Excelente idéia, agora era só o cara aceitar a promoção.

O pedido foi feito e ele realizou na hora. Muito melhor que o gênio do Alladin. A superpromoção rendeu muitas cervejas e por volta de uma e meia da manhã o vendedor contente foi embora com seu isopor praticamente vazio. Ele se foi e eu fiquei lá com mais de uma hora e meia de espera, com muito álcool nas idéias e 10 reais menos rico.

Enquanto bebíamos observávamos os ônibus passando lotados, abarrotados de gente. Nenhum motorista ousava parar e se parasse seria praticamente impossível entrar. Mas havia uma luz no fim do túnel, ou melhor, um ônibus no fim da rua.

Era o 455, todos no ponto deram sinal. Fiquei bolado. O 455 não servia para mim porque ele passa pelo aterro. Servi até que serviria, mas eu teria que atravessar o aterro sozinho na maior escuridão. Vendo que todos iam pegar o ônibus e eu iria ficar só, resolvi entrar na onda também.

O ônibus foi se aproximando, estava quase vazio, bom de mais para ser verdade. Todos fizeram sinal e o desgraçado passou direto. A cerveja tinha me acalmado um pouco, mas o sem vergonha do motorista me irritou de novo.

Passado o momento de raiva, continuei na minha espera. O relógio marcava 2 hora da batina e algumas pessoas, já sem esperanças e muito afortunadas, recorriam aos táxis. Um “amigo” chegou a sugerir que rachássemos um. Essa idéia teria sido excelente se ele tivesse dito antes do cara da cerveja chegar. Pelo menos foi melhor assim, prefiro gastar dinheiro com cerveja do que com bandeira dois. Filho de taxista não paga táxi, só em ultimo caso.

A hora ia passando e o número de pessoas no ponto diminuindo. A idéia do táxi começou a ganhar força até que veio a Luz da salvação.A luz veio em forma dos faróis altos do 455. Pude notar que estava vazio e não pensei duas vezes. Corri para o meio da rua e fiz sinal. Ou ele para ou passa por cima. Pra minha sorte ele parou.

Todos entraram e eu fiquei pensando: “Eu entro mas desço aonde?” Para minha sorte tinha um cara com a namorada que morava em Laranjeiras e que sabia onde tinha que descer do ônibus. Ele falou que era na altura do número 200 na Praia do Flamengo, Se ele sabe então vamo que vamo.

A viagem ocorria na maior tranqüilidade, só que quando tudo está correndo bem é melhor desconfiar. O desgraçado do ônibus ao invés de pegar a Praia do Flamengo foi pelo aterro. Ai meu conterrâneo de bairro se perdeu.Ele não sabia onde tinha que descer e pediu auxilio ao motorista. Afinal de contas motorista de ônibus conhece as ruas do Rio de Janeiro.

Engano seu. O “piloto” me para o ônibus no meio do aterro e fala que é só seguir reto que a gente chega no Lgo do Machado. Fiquei desconfiado e quando olho pela janela vejo o Hotel Glória.
-Pu@#$%&ta que Pa#@$ril piloto!!!!! Ta maluco? A gente ta na Glória. Ta de sacanagem comigo?

Com certeza o piloto devia ser vascaíno. Ele fechou a porta e seguiu viagem. Graças a ajuda de um senhor de idade, conseguimos saltar no lugar certo. Amigos, o aterro na madrugada é escuro e cheio de raízes espalhadas pelo chão que só servem pra você tropeçar e quase se arrebentar todo.

Passado todo o perrengue estava em fim na minha Terra. O aterro e suas raízes malditas ficaram para trás. O Lgo do Machado já surgia deserto e com um frio desgraçado. Enquanto andava por aquelas ruas escuras e desertas percebi algo na minha bermuda. Era um apito que estavam dando na torcida do Flu. Não me lembro o por que, mas quando me dei conta estava eu apitando pelas ruas de Laranjeiras pertubando o sono dos moradores.

Cheguei em casa bêbado, com frio e com fome. Enquanto fazia (ou pelo menos tentava) um miojo com salsicha resolvi expor toda a minha revolta no papel.

Enquanto degustava minha “macarronada” li o jornal, fiquei puto com os caras de São Paulo que negociaram com os presos e descobri que as três e meia da manhã não tem nada de interessante na NET.


Eu odeio com todas as minhas forças o Tuta, o Rogério, o Eurico e todos os vascaíno. Todos não. Eu gosto das vascaínas.

terça-feira, maio 16, 2006

Estado Inexistente

Fernando Donasci/Folha Imagem


Desde sexta-feira, 12, foram registrados cerca de 270 ataques criminosos. 94 mortes, 22 policiais militares, seis policiais civis, três guardas municipais, oito agentes penitenciários e quatro civis. 38 suspeitos de ataques teriam morrido em supostos confrontos e mais treze presos morreram em rebeliões. Quatro dias em São Paulo e os números são tão ruins, ou piores, do que em guerras. Comandada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), a série de ataques deixou a população apavorada. Lojas fechadas, transportes parados, pessoas, ricas ou pobres, da zona-sul ou da periferia, correndo para tentar se proteger. Essas ações mostram o quanto o crime está realmente organizado e também, a inoperância e incompetência totais do governo.

Segundo todos os jornais, o movimento seria uma retaliação à decisão do governo estadual de isolar as lideranças do PCC. O líder maior da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes, tida como a mais segura do Brasil. Marcola ficará sob Regime Disciplinar Diferenciado, o mais rigoroso. A polícia chega aos líderes, prende-os, mas o curioso é vê-los, em prisões, de segurança máxima ou não, com celulares nas mãos, armas, comercializando drogas e recebendo visitas íntimas. Ataques e rebeliões desta proporção só poderiam ter tido este êxito, a partir de planos muito bem preparados. Para isso, a participação da cúpula da organização seria imprescindível, e já que eles estão presos, fica fácil completar o raciocínio.

Os ataques começaram na sexta, e somente agora, na terça-feira, o estado colocou a polícia nas ruas e diz estar trabalhando para descobrir quem são e pegar os culpados. Quatro dias depois do começo dos tumultos, que o estado resolve fingir que está fazendo alguma coisa. Não haverá muito para se fazer, as blits vão parar poucos carros, já que a população resolveu não sair de casa, com medo. Os bandidos já recuaram, não há indícios de que haverá novos ataques. Mais de 80 penitenciárias entraram em rebelião, difícil saber se existem muito mais do que 80 penitenciárias no Estado de São Paulo. Com um número absurdo desses é mais fácil perguntar quantas ficaram de fora, ou quantas são controladas realmente pelo governo, parece que nenhuma.

A Secretaria de Administração Penitenciária e a Secretaria de Segurança Pública negam, mas o PCC diz que o fim dos ataques foi dado por um acordo. Estaria condicionado à benefícios aos presos transferidos paras os presídios, chamados, de maior segurança. Em entrevista à imprensa, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos garantiram que as forças de segurança paulistas tem o controle da situação. Toda essa situação mostra a ineficácia do estado, um estado inexistente, que não apresenta políticas de educação e de segurança decentes, para que a médio e longo prazo se erradique o problema do tráfico. E mais, mostra que o Estado é incapaz de tomar uma atitude mais ríspida, para assegurar a segurança imediata de toda a população. Enquanto isso a população corre e se tranca nas suas mansões ou casinhas de compensado, e os policiais são mortos por organizações mais organizadas do que aqueles que os pagam o salário.

sábado, maio 13, 2006

Pão Francês: Quem somos?


O pão francês não é mais um blog na Internet. O pf é diferente, divertido e informativo. Formado por um grupo de jovens aspirantes a comunicólogos da Puc, tem como principal objetivo expor os textos dessas jovens promessas do jornalismo da publicidade e do cinema.
Sem u mtema específico, o Pf tem como objetivo abordar todos os assuntos e intreter o leitor.
O pão francês definitivamente não é um blog político. Ele ESTÁ um blog político

No início eram quatro. Agora já somos seis

*Romin: Petropolitano, aspirante a jornalista e a crítico musical. Péssimo entendedor de piadas. É inteligente e é tido como o mais politizado da galera. Adora escrever sobre política. Os textos mais sérios do blog. Não é EMO e odeia Chuchu.

*Espoletinha: Outra petropolitana. Aspirante a jornalista, bailarina ,cantora e fã da Barbra Streisand É a celebridade do grupo. Possui o dom da escrita. Escreve os textos nota 10 do blog. Tem um jeitinho de professorinha e não costuma devolver os DVDs que pega emprestado.

*Bia: Mais uma petropolitana. Aspirante a jornalista e a cozinheira. Menina estudiosa, inteligente, engraçada, boa escritora e ágil na digitação. É a parte “Ancelmo Góes” do blog. Fala muito, mais muito mesmo, só assiste filmes pela metade e adora a pizza do Domino´s.

*Flu:Carioca e tricolor. Aspirante a cineasta, roteirista e a comediante. É bobo e debochado. Seus textos prendem a atenção das pessoas. É a parte divertida e engraçada do blog (ou não). Gosta de contar uma história, adora cinema, a Natalie Portman e sonha em ganhar o Oscar.

*Modigliani: Lá de Campo Grande. Aspirante a publicitário, jogador de futebol e pintor. É sortudo e é o homem das frases. Flamenguista, adora futebol, é apaixonado pelo Shevchenco e odeia o Pablo Picasso.

*Bolotinha: Essa veio da Vila da Penha, adora a Lua , possui uma risada única e sobre o blog ainda é uma incógnita

De onde viemos e para onde vamos?

Toda saga tem um começo...

Martin Luther King tinha um sonho, Romin também. O sonho do jovem petropolitano não era tão idealista quanto o de King, mas não deixava de ser um sonho. O sonho era criar um blog para publicar textos informativos e divertidos (não necessariamente nesta ordem e não necessariamente informativos e divertidos). Para que o sonho pudesse se realizar, o petropolitano aspirante a jornalista resolveu convidar alguns amigos para acompanhá-lo nesta nova empreitada. Flu, Bia e Espoletinha foram os primeiros a serem escolhidos.
Flu foi escolhido por já possuir uma certa experiência no mundo dos blogs. Experiência não quer dizer que seus textos fossem bons, mas a julgar pelos inúmeros elogios que ele recebia em seu blog (www.acerolacomlaranja.blogspot.com) Romin percebeu que tratava-se de um reforço de peso. Já Bia e Espoletinha ganharam a vaga pela fama de seus textos. As duas sempre mostravam as altíssimas notas que recebiam nas aulas de técnicas de comunicação e tal argumento fez com que Romin não pensasse duas vezes e elas acabaram entrando para o grupo. O quarteto estava formado, era chegada a hora de iniciar o processo de criação. E para inicio de conversa eles precisavam batizar o blog.
Logo na primeira reunião surgiu um nome que agradou a todos: “Caixa preta’.A idéia veio do neto do Fuzinatto, o amigão da galera e o homem das idéias. Para o desapontamento de todos já existia um blog com esse nome. O grupo não desanimou, colocou a criatividade para funcionar e continuou sugerindo nomes. Não se sabe se eles estavam com fome ou não, mas todos os nomes sugeridos após a frustração do “caixa preta’ eram de caráter gastronômico.
“Filet mingon”, “prato feito”, “abacate” entre outros nomes comestíveis foram sugeridos. “Prato feito” era o favorito de Flu, mas não agradava a parcela feminina do grupo. O impasse atrasou a criação do blog. Aparentemente todos os nomes legais já haviam sido usados e a falta de criatividade fez com que a idéia de se criar um blog fosse deixada de lado. Deixada de lado, mas não esquecida.
Um belo dia enquanto voltava para o aconchego de seu lar, Flu recebeu um telefonema de Espoletinha . Ela estava eufórica e disse que havia criado um nome perfeito para o blog. Flu, intrigado quis saber qual era e obteve a seguinte resposta: “O nosso blog vai se chamar pão francês!”
Você caro leitor deve esta se fazendo a mesma pergunta que o Flu fez; “Mas por que pão francês?”
A culpa é da Espoletinha. Durante uma conversa com Bia ela do nada surgiu com esse nome. Bia na hora adorou e ainda acrescentou que era um nome básico e muito bom.O nome surgiu algumas desavenças, mas no final das contas Romin, o mentor da idéia, acabou por acolhê-lo e finalmente o blog saiu do papel para entrar de vez no mundo virtual.

Após quase três semanas de existência, o pf já deu o que falar. Novos integrantes foram adicionados (Modigliani e Bolotinha). Polemicas, textos engraçados e informativos atraíram a atenção de alguns leitores e comentários repletos de elogios foram feitos. A saga começou e parece estar longe de um fim

Vocês agora já sabem de onde viemos. Só resta descobrir para onde nós vamos

quinta-feira, maio 11, 2006

Curta a felicidade porque ela é curta!

É por isso que esse mundo tá assim. Ninguém consegue aproveitar a felicidade de um momendo como devia. Já começa no seu nascimento, seus familiares festejam, todos trazem presentes pra você, até alguém fazer o seguinte comentário para sua mãe:
-É... mais um pra viver esta loucura que é a vida. Tomara que Deus o proteja nesta sua caminhada.
Sua mãe tá pouco ligando pro futuro agora. O que ela que é curtir esse momento. Mas sempre tem alguem pra estragar.
Um outro momento é quando estamos na escola. E essa desgraça vai caminhado com a gente até o terceiro ano. Você tá lá estudando o ano inteiro, chega no final do ano vem as notas. Suas notas estão ótimas e você está todo bobo, sentido-se o mais inteligente da família, até que vem um invejoso(geralmente o pai ou a mãe) e fala assim:
-Agora é que eu quero ver. Ano que vem vai ter que estudar o dobro!
Olha a situação...você acaba de entrar de férias e teu pai ou tua mãe já esta falando em estudar denovo, e o pior estudar mais ainda!!
Na época do vestibular também. De segunda à sábado, estudando até 10 horas por dia, deixando de sair com uns amigos, ir numa festinha, pegar uma praia. Até que todo este seu esforço é recompensado, você passou!! Toda a família numa alegria só, o telefone não pára. Mas como a felicidade já está sendo bastante, num destes telefonemas um diz:
-Se você achava que tinha que estudar muito pro colégio, agora é que você vai ver o que é estudar.
Vê se isso é hora de um comentário desses!
E não para por aí. No seu aniversário de 18 anos, você todo alegre porque vai poder entrar em boates sem ficar com medo de ser barrado, vai poder tirar a carteira de motorista, pode alugar um filme de sacanagem sem maiores problemas e entre outra coisas. Mas sempre vem um idiota que não te deixa esquecer:
-Cuidado heim!!Agora já pode ser preso!!! Hahaha
Que ótima lembrança né.
Para todos esses exemplos eu já fui vítima( a não ser o primeiro que eu não me lembro, mas deve ter acontecido!). Mas o último deles aconteceu a pouco tempo, a uma semana atrás. Estava eu durmindo quando 9 horas da manhã o telefone toca. Era meu pai. Eu acordo puto(desculpem o vocabulário, mas não tinha palavra melhor para caracterizar o meu estado) e atendo o telefone:
-Alô?
-Meu filho tá sentado?
-Que pai?
-Tá sentado?Se não pega uma cadeira e senta.
-Porra pai! Fala logo!
-Tô lendo meu email e acabo de ver que você ganhou uma tv de tela plana 42 polegadas!
Meu tom de voz mudou:
-Como é que é pai? A tv da promoção que eu tava participando???
-É essa mesmo!!
Daí em diante eu estava fora de órbita. Nunca ninguém lá em casa tinha ganho algo de tamanho valor. Eu(burro!!) fui falar pra todos da minha imensa felicidade. Mas a felicidade é curta como eu já disse. E uma pessoa não se controlou e falou:
-Que lindo!!O que você vai fazer com ela? Vai vender??
Sem comentários!

Eu falei isso? Eu não falei? O que eles estão falando? – Essa é a questão.

Quando li a entrevista de Silvio Pereira para o jornal “O Globo”, logo pensei que poderia sair dali um bom texto para o blog. Mais tarde soube que Silvinho fora intimado a depor na CPI dos Bingos (nossa medonha “CPI do Fim do Mundo”), então resolvi esperar para ver o que ele diria aos parlamentares. Quarta-feira chegou e lá foi Silvinho prestar esclarecimentos na Comissão.

Por mais de seis horas foi inquirido pelos parlamentares. Respostas evasivas, contradições e esquecimentos pontuaram o depoimento. Silvio afirmou não se lembrar de ter dado a entrevista, depois voltou atrás. Também afirmou veemente, por mais estranho que pareça, que não a leu. Na entrevista, disse que o objetivo do “carequinha” Marcos Valério era arrecadar R$ 1 bilhão em quatro áreas: Banco Econômico, Banco Mercantil de Pernambuco e Opportunity, além de operações de passivos na área da área da agropecuária. Mais estranho do que ver Silvinho dizendo que não havia lido a entrevista, era ver o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) fazendo discurso na sua hora de falar, logo ele que tem relações um tanto desconfiáveis com Daniel Dantas, controlador do Banco Opportunity, alvo de denúncias de Silvinho. Enquanto isso, e com todas as evidências já apresentadas, a Polícia Federal continua proibida, por ordem da ministra do Supremo Tribunal Federal, Elen Gracie, de analisar um disco rígido apreendido no banco. O hd contém as prováveis fontes privadas de abastecimento do valerioduto. Um parlamentar do PFL, enchendo-se de pompa para falar com um acusado petista, petista esse que denuncia um provável parceiro de falcatruas do pfelista...Mais uma estranheza, haja estranhezas.

Na entrevista, é citado muitas vezes o ex-parlamentar Roberto Jefferson, primeiro cassado no escândalo do “mensalão” e há muito esquecido pela imprensa e opinião pública. Silvio Pereira afirma que a pressão exercida por Jefferson era muito forte. Ele queria cargos nas estatais, indicações no governo. Segundo Silvinho, na época da campanha, o PT havia dado muito dinheiro ao PDT de Jefferson. “Bob Jeff”, ano passado, quando sua situação apertou, saiu falando pra lá e pra cá, fazendo acusações, muitas dessas ainda não comprovadas, literalmente jogando merda, verídica ou não, no ventilador. Jeff, infelizmente é meu conterrâneo, sua vida política foi criada em cima dos votos da população mais pobre do meu município e principalmente de cidade menores próximas. Muito antes de ele aparecer com o escândalo do “mensalão”, muito antes de ele ser presidente do PDT e quando ele carregava vários quilinhos a mais, papai e mamãe sempre diziam que Bob Jeff não é flor que se cheire.

Em certo momento do depoimento, o presidente da CPI, senador Efraim Moraes (PMDB-PB) afirmou que Silvinho estaria tentando fazer os parlamentares de besta. Em um outro momento, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) perguntou se o depoente já havia tido algum momento de fantasia ou de delírio. Será que é ele, ou só ele, que está delirando, que está tentando fazer alguém de bobo? Em um escândalo que, segundo Silvinho, começou com parlamentares tucanos lá em 1998, envolve parlamentares de diversos partidos, desde o PT até o PFL, qual a moral duma comissão formada por membros desses mesmos partidos? Tá mais para um circo. O melhor é esperar as investigações da Polícia Federal, esta ainda com alguma moral. Em se tratando de CPIs as bestas somos nós.

quarta-feira, maio 03, 2006

Mais sobre pizzas, e agora com secretárias, caseiros e garçons.



Há tempos que a CPI dos Bingos (apelidada de “CPI do fim do mundo”) deixou de ser uma comissão para investigar irregularidades e se tornou um simples palanque eleitoreiro. Diga-se de passagem, ser chamada de “fim do mundo” já não lhe garante muita credibilidade. Denúncias de assassinato, caixa-dois de campanha e irregularidades nos bingos, se confundem e se entrelaçam, acabando em uma série denúncias infundadas e desconexas. São tantos os personagens envolvidos nessa trama que fica difícil lembrar quem é quem, ou alguém aí sabe quem é o Buratti??

Se juntarmos a ela a já finalizada, CPMI dos Correios, que teve seu relatório aprovado antes mesmo da versão final estar terminada, esse palanque se expande incrivelmente. Independentemente das denúncias terem fundamento ou não, está mais do que claro o objetivo da oposição: Limar as grandes figuras do governo. Já se foram José Dirceu e Antonio Palocci. A vítima agora é o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e alguns oposicionistas mais inflamados já falam em impeachment do presidente Lula. O que mais chama a atenção é que no caso de Dirceu, uma secretária ajudou em sua derrubada. Palocci teve destino parecido, troca-se a secretária por um caseiro. A bola da vez é um garçom. Interrogado secretamente pela CPI dos Bingos, o garçom Anderson Ângelo Gonçalves, mais conhecido como Jack, trouxe à tona um possível envolvimento de Márcio Thomaz Bastos com o assassinato do ex-prefeito (claro) de Campinas Toninho do PT. Pois é, os parlamentares petistas devem estar com um medo danado das pessoas comuns, nunca se sabe, o próximo pode ser um taxista, porteiro ou uma empregada doméstica.

A já esquecida secretária Fernanda Karina Somaggio, apareceu, é claro, na capa de uma famosa revista masculina, o caseiro Francenildo dos Santos Costa foi homenageado como um tipo de herói pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), daqui a pouco sai na revista G, para a alegria daqueles que, de vez em quando, deixam escapar um “whatever”. O extrato de sua conta todos nós vimos, mas quando se tenta esclarecer de onde veio o tal dinheiro, a situação embaça. Ele diz que veio do pai, pai esse que não o reconhece como filho e por sua vez diz que pegou emprestado com um amigo, amigo que, para finalizar, tem sua renda baseada num velho ônibus que carrega trabalhadores rurais.

As crises políticas enriquecem umas e transformam outras pessoas comuns em celebridades instantâneas, não me admiraria ver daqui a alguns dias o garçom Jack no programa da Luciana Gimenez ou no, não muito diferente, “Programa do Jô”. Quem ainda acha que cidadãos (não tão) ordinários não têm forças para derrubar os figurões?

terça-feira, maio 02, 2006

Greve de Fome

Certa vez, quando eu era garotinho, um vaso de porcelana chinesa que decorava a sala de estar lá de casa misteriosamente foi destruído. Minha mãe ficou uma fera e veio logo me perguntando se eu tinha algum envolvimento com a tragédia que acontecera com o seu presente de casamento predileto. Neguei na hora e ainda disse que nem sabia que o vaso tinha quebrado.
Não satisfeita com a minha resposta, minha mãe resolveu fazer uma investigação. Após uma análise detalhada da cena do crime, minha progenitora querida encontrou indícios de que seu filho querido havia mentido. Meu chinelo próximo aos destroços do vaso e uma bola de futebol embaixo do sofá eram para ela provas concretas de que eu tinha culpa no cartório.
Após a breve investigação, ela retornou para falar comigo e novamente perguntou se eu tinha algum envolvimento com a história do vaso. Mias uma vez disse que não. Por não ouvir a resposta que queria ela ficou ainda mais irritada e insistiu mais uma vez. Com a frieza de um deputado que nega ter recebido o mensalão reafirmei que desconhecia o por quê do vaso ter quebrado e que por tanto eu era inocente.
Tal demonstração de cinismo e cara de pau foi à gota dágua. Minha mãe mostrou as provas e ainda apresentou uma testemunha de acusação, minha irmã, que mesmo sem ter presenciado o ocorrido afirmou que eu era culpado.
Com tantas acusações e descrenças me senti ofendido. Minha moral e minha honra tinham sido arranhadas. Minha própria mãe não acreditava em mim. Esbravejei e insisti que eu era um inocente. Disse que aquilo tudo era uma tremenda injustiça. Até lágrimas caíram de meus olhos.
O show de interpretação não amoleceu o coração dela, e a tirana acabou me colocando de castigo com a promessa de me liberar somente após minha confissão. Ela me deixou trancado no quarto sem televisão, sem videogame e sem sequer um mísero copo de água.
Fiquei revoltado. Disse poucas e boas para ela. Falei que aquilo era uma atitude intransigente, inconstitucional e insensata.Cheguei até a ameaçar denuncia-la para o conselho tutelar.Minhas ameaças não surtiram efeito.Então resolvi apelar:
-Peraí! Se aqui em casa virou ditadura eu vou tomar medidas drásticas.Eu vou fazer greve de fome até que você admita que cometeu um erro em me acusar de algo que não fiz.
Pronto. a última cartada tinha sido dada. Que mãe teria a coragem de deixar seu filho primogênito morrer de fome? Querem que eu responda? A minha
Após a ameaça, ela com um ar de desprezo disse: ”Pode ficar. To nem ai” e me trancou no quarto.
Lá estava eu, prisioneiro em meu próprio quarto sem tv, videogame, sem nada.Tentei resistir o quanto pude, mas não tendo nada com quem me distrair só conseguia ouvir o ronco de meu estomago implorando por comida.
Depois de longas 3 horas de protesto acabei cedendo e admitindo a culpa. Culpa esta que só foi admitida porque eu estava debilitado e como sabemos saco vazio não para em pé. Quero ressaltar que sou tão inocente como o José Dirceu e o Pallocci.

Greve de fome com direito a televisão, Internet, ar condicionado e água? Esse Garotinho tem muita mordomia. Se minha mãe tivesse me dado essa moleza eu ficava uma semana tranqüilo sem comer e ainda iria conseguir o pedido de desculpas.

segunda-feira, maio 01, 2006

Pizza à francesa

Já teve alguma idéia que provavelmente seria muito boa,se não tivesse preguiça para desenvolve-la? Tive algumas sobre política.
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“....sai da minha frente que eu quero passar, hoje o samba está animado, e o que eu quero é sambar....” - música inspiradora da deputada sambista
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Quando a CPI entra em ação, os partidos viram times de futebol. O gol da vitória ganha a opinião pública. Em caso de empate, ninguém é cassado. O público fica frustrado, já que esperava ao menos ver um grande espetáculo para justificaro preço do imposto, que dizer, ingresso. O juiz que apita a CPIs foi compradoe está sendo investigado pela CBF. A torcida brasileira se prepara para afinal, no estádio Eleições: progresso x corrupção.
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Propaganda política ou Voz do Brasil, enquanto dura todo mundo arranja coisa melhor para fazer.
Durante poucos, mas longos minutos, partidos disputam quem consegue falar mal dos outros em menos tempo. Em época de eleições, é hora de relembrar, não só que o futuro do Brasil depende de educação, mas que Enéas existe. Quem, pelo menos uma vez na vida, não assistiu Chaves, aprendeu alguma música da Xuxa ou ouviu “meu nome é Enéas”.

PS: para os desavisados, Enéas está sem barba.
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Os“jingles políticos” devem ter outro efeito colateral além de convencer a votar no candidato. O cérebro não pode sair ileso. Um jingle que deve se tornar eterno, principalmente porque depois de morto todo mundo vira santo,é:
La, la, la, la,Brizola, la, la, la, la, Brizola...
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Saber nada de política é estar fazendo turismo sem sair do país.